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domingo, outubro 21, 2007



"SHE WANTS REVENGE" - SHE WANTS REVENGE


O que andam dizendo por aí do She Wants Revenge não corresponde à realidade. Primeiro: NÃO, a banda não é plágio do Joy Division. Se fossem pegar todas as bandas dos anos 80 que usavam baixo palhetado, marcação rítmica cerrada e vocais dramáticos, ia faltar espaço - e o Joy nem recorria tanto a esse recurso, preferindo instrumentações esparsas e gélidas. Segundo: NÃO, o vocal de Justin Warfiels NÃO é cópia do de Ian Curtis - sim, percebe-se influências, mas a voz do cara lembra mais a de Peter Murphy (Bauhaus) e a de David Bowie. Terceiro: o som é bem mais alegrinho do que todas essas credenciais podem fazer supor. É oitentismo assumido, que até impressiona pela convicção - em vários momentos, parece que os caras realmente querem montar "o som de uma época". Só pra confundir mais a cabeça das pessoas: os caras são californianos, mas enganariam qualquer pessoa se inventassem que vieram de algum beco novaiorquino.

Para não dizer que a banda em nada lembra o Joy, a fase inicial da banda de Manchester, mais punk do que pós-punk, que gerou faixas como "No love lost", dá as caras em She wants revenge, disco de estréia dos caras. Tem outros "anos 80" que aparecem na sonoridade do grupo, já que eles citam como influência até mesmo Smiths. Não consegui achar rigorosamente nada ali que lembrasse o grupo de Morrissey & Marr, que nunca primou pela crueza do som. O She Wants Revenge é elaborado e cru, junta as duas características e cria um som que, se não é próprio, é muito bem feito.

Opa, corrigindo um detalhe: o SWR não é um grupo. É uma dupla, formada por Justin (vocais, guitarra, programações) e Adam 12 (baixo, percussão, programações, teclados). O começo dos dois foi como tem acontecido com vários projetos musicais da atualidade: no quartinho, compondo e fazendo tudo por conta própria. O material foi registrado pelo gru... opa, dupla, em seu próprio estúdio, o Perfect Kiss (outra referência aos anos 80, já que se trata de nome de música do New Order), com o próprio Justin fazendo a engenharia de gravação. Nem precisa dizer que os próprios cuidaram da produção. As músicas se espalharam no boca-a-boca e chegaram na poderosa Geffen. Nada mais moderno, em tempos de Arctic Monkeys, Clap Your Hands And Say Yeah e Moptop.

A faixa de She wants revenge que mais lembra Ian Curtis e o Joy é a dançante "Tear you apart" - e note bem o nome, que lembra "Love will tear us apart", do JD. Parece até brincadeira, pra ver quem junta mais referências às bandas oitentistas numa música só - ou algo trash, como é o Darkness com o metal farofa. Mas é sério, tem gravadora apoiando e muita gente curtindo - e é bom. De resto, os vocais têm mais charme, emulando os já citados Bowie e Murphy e se aproximando da estética de outras bandas atuais, como Elefant e Interpol, em músicas como a sombria "She loves me, she loves me not". O grupo abre com uma bateria de tecladinho em velocidade new wave e com dedilhados que lembram mais Legião Urbana do que o rock da Factory, em "Red flags and long nights". A velocidade diminui em "These things", um Depeche Mode em tom grave. Reeferências aos anos 80 tem para todos os gostos, do The Fall em "I don't wanna fall in love" ao Talking Heads na eletronicazinha "Monologue". Resta dizer que, para além das referências, as músicas têm potencial e se sustentam por si só, dando ao She Wants Revenge cara de banda de "festa indie". Que vai dar certo nesse sentido, não há dúvidas.

Para conhecer Justin e Adam 12, compre/baixe o disco ou vá no site www.shewantsrevenge.com. Sim, eles são moderninhos, até mantém sua pagininha no My Space mesmo após terem sido contratados (a URL é www.myspace.com/shewantsrevenge).