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sábado, fevereiro 07, 2009


Vibrators - V2


O verão inglês de 1977, sempre será lembrado com a explosão do punk rock. Uma tempestade que colocou todo país de ponta cabeça. God Save The Queen foi a música número um (justamente na semana do Jubileu de Prata da Rainha e foi banida de todas lojas de discos e de todas estações de rádio), causando um furor que você não pode imaginar.

Os Sex Pistols estavam no centro de tudo isso, mas em volta deles, um rede moinho de centenas de bandas girava. Bandas inspiradas por novos ventos que faziam a música ser interessante e divertida novamente.
O VIBRATORS foi uma dessas bandas, e uma das melhores também. Nunca tiveram o reconhecimento por seus grandes feitos; suspeito que isso se deve ao traçado de sua origem.

A maioria das bandas que começaram com o punk rock, eram formadas por moleques sem nenhuma experiência anterior, teenagers entre 16 e 20 anos que superavam toda inexperiência e pouco talento, com muita sinceridade e paixão.

Assim como Joe Strummer (The Clash) e Charlie Harper (U.K. Subs), os VIBRATORS , principalmente por serem mais velhos, vieram de outra "escola". A sinceridade e paixão era a mesma, mas a experiência e o background veio do Rhythm and Blues.

Quando o VIBRATORS surgiu, no começo de 76, o vocalista e guitarrista Knox, tinha 30 anos e já tinha tocado em muitas bandas de R&B. Uma dessas bandas se chamava Despair, e o repertório trazia músicas como Whips and Furs e She's Bringing You Down, futuras músicas do primeiro disco do VIBRATORS.

Por outro lado, John Ellis e Pat Coolier (guitarrista e baixista do VIBRATORS) já tocavam juntos desde 1971 e fizeram parte de uma banda chamada Bazooka Joe, que também teve Adam Ant como um dos seus integrantes. O primeiro show dos Sex Pistols foi abrindo para o Bazooka Joe, e no futuro, o Bazooka ficou mais famoso por isso do que por suas contribuições ao rock.

No Natal de 75, Knox estava desiludido com a música, mas conversando com o amigo e baterista Eddie, encontraram John Ellis e Pat Coolier, que empolgados, os convidaram para formar uma banda. Assim nasceu o VIBRATORS no dia 08 de Fevereiro de 76, o primeiro show foi um mês após, abrindo para os Stranglers. E seguiram tocando na cena pub londrina, com cabelos compridos e roupas hippies.

Pouco tempo depois, a banda começou a enxergar uma luz no fim do túnel. O punk rock estava crescendo e mudanças pairavam no ar. Os Ramones já tinham lançado seu primeiro disco e a turnê dos nova iorquinos pelo Reino Unido apenas acendeu o fósforo e colocou Londres em chamas.

O fato que catalizou o envolvimento maior dos VIBRATORS com a cena punk, foi uma apresentação que fizeram como banda de apoio de Chris Spedding no histórico 100 Club Punk Festival, em Setembro de 76. Apareceram de cabelos curtos, jaquetas de couro e óculos de plástico coloridos, como todos os punk da época. Tocaram no segundo dia, juntamente com The Damned. Os dois dias do festival do 100 Club foram marcantes, lá também se apresentaram os Sex Pistols, The Clash, Buzzcocks, Subway Sect, Stinky Toys e Siouxie and the Banshees. Muitos falam que o VIBRATORS pegou o bonde andando, mas esquecem de falar que um monte de músicas do primeiro disco, já tinham sido escritas 2 ou 3 anos antes de existir a banda.

Em Novembro de 76, os VIBRATORS lançam seu primeiro single, "We Vibrate/Whips and Furs". Em março de 77 sai outro, "Bad Time/No Heart". Nesta época o punk estava fervilhando e as gravadoras se acotovelando para assinar contratos com as bandas punks; e foi assim que assinaram com a CBS Epic e em Maio, lançaram o single "Baby Baby/Into The Future" que alavancou o lançamento do tão esperado primeiro disco, "PURE MANIA".

Os VIBRATORS estavam na linha de frente, somente o Damned e o Wire já tinham lançado um Lp antes deles. Além disso, "PURE MANIA" era uma disco brilhante. Ex-hippies de 30 anos fizeram um dos melhores álbuns da revolução punk britânica. O disco trazia canções dos singles e faixas novas. A influência visual e musical dos Ramones era nítida, 1/3 do álbum apresentava músicas de menos de 2 minutos, as demais, também eram rápidas, curtas e grudentas.

A maioria das letras falava de garotas e problemas com garotas. Garotas loucas, excêntricas, psicopatas e sádicas. Outras letras, enfocavam temáticas anti-drogas (Keep It Clean) ou sado masoquistas (Whips and Furs, I Need A Slave).

As melodias também eram interessantes, assim como a bateria em Petrol e a guitarrinha de Sweet Sweet Heart.

Um disco perfeito, que fez com que fossem a primeira banda punk a tocar em certas cidades e países. Foi assim na Irlanda ou Escócia, por exemplo. A banda irlandesa Stiff Little Fingers tirou o seu nome de uma música do "PURE MANIA" e os escoceses do Exploited regravaram "Troops Of Tomorrow", faixa do segundo álbum dos VIBRATORS, V2.

V2 saiu em 78. Mesma música e mesma temática nas letras. As garotas ainda estavam lá, e ainda mais bizarras. Pontos altos: Automatic Lover, Pure Mania, Troops Of Tomorrow, Wake Up e Flying Duck Theory, esta última falando de como as pessoas engolem todas as besteiras musicais que ouvem nas rádios.

A banda sofre várias mudanças, lançam singles como Judy Says (She's Gonna Knock You In The Head) e Disco in Moscow, e acaba em 80.

Em 82, a formação original volta para gravar o terceiro e bom álbum "Guilty", assim como Alaska 127 (84). Novas mudanças e vários discos pouco inspirados e irregulares se seguiram: Fifth Amendment (85), Live (86), Recharged (88), Meltdown (88), Vicious Circle (89) e Volume 10 (90). Estes últimos apareciam apenas com Eddie e Knox da formação original. John Ellis estava tocando com os Stranglers ou com Peter Gabriel. Peter Coolier se dedicava como requisitado produtor em seu estúdio Alaska 127. Knox teve uma banda chamada Urban Dogs, juntamente com Charlie Harper e Alvin Gibbs do U.K. Subs. E o VIBRATORS parecia que nunca seria interessante novamente.

Ledo engano. Voltam a lançar ótimos discos a partir de 93 com "Hunting For You" e o acústico "Unpunked" de 96.

French Lessons With Correction (97) e Buzzin'(99) apresentavam o VIBRATORS como um trio e também mostrou um resgate de boas músicas... rápidas e curtas ou lentas baladas.