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quarta-feira, agosto 06, 2008

Leonard Cohen - Songs Of Love And Hate



Ok, esse blog está cheio de artistas que você deve conhecer. Homens , mulheres, solitários ou em grupo, alguns deles (ou delas) que entraram para a história ao gravar cançõesque acelararam o sangue dos furiosos, levaram às lágrimas os sensíveis, deram companhia aos solitários. São tantos os quais eu disse "você tem que ouvir!". Bob Dylan, Neil Young, Chico Buarque, Nick Cave, Beatles, The Who, Rolling Stones, Tom Waits, Black Sabbath, Radiohead, Jeff Buckley, Led Zeppelin, Beck...

Pois então, Leonard Cohen é mais um deles. E um dos que encabeçam a lista, pode acreditar. O homem que foi consagrado poeta e romancista até os trinta anos, e quando chegou nessa idade, resolveu ir para o mundo da música. E diabos, há mais de quarenta anos o homem encheu nossos ouvidos de música folk extremamente emocional e sensível, alcançando fama tanto na sua voz quanto na voz de outros intérpretes - inclusive o supracitado Jeff Buckley, que em seu único disco de inéditas, "Grace", regravou e deu nova dimensão à balada "Hallelujah".

"Songs Of Love And Hate" é o terceiro álbum de Cohen, desde que havia assinado contrato em 1967 com John Hammond, que havia descoberto Billie Holiday e Bob Dylan, e gravado sob a batuta de de Bob Johnston, o produtor dos trabalhos de Dylan na década de sessenta. Cohen havia despontado de forma tão notória que um dos pioneiros do cinema contracultural setentista estadunidense, Robert Altman, usou canções do canadense em uma de suas clássicas obras, " McCabe & Mrs. Miller". Daí pra frente, Leonard tornou-se ídolo de várias gerações, indo desde John Cale - o notório "senhor esquizofrenia musical" do Velvet Underground, até o idolizado Buckley, passando Ian McCulloch (cabeça do Echo And The Bunnymen), Nick Cave And The Bad Seeds, R.E.M., Pixies...

A despeito da excelente qualidade de seus outros discos, esse em questão sobressai no meu gosto pessoal. No geral, é um disco sombrio e triste, que contém longas, rasgadas e harmoniosas baladas. Assim que começa o disco, já somos bombardeados pela massacrante sessão de cordas de "Avalanche", onde com a sua trôpega e melancólica voz, Leonard anuncia que foi soterrado por uma imensa avalanche, que cobriu a sua alma e transformou-o em um deformado corcunda. Mesmo quem não tem grande domínio da língua inglesa sente o grande impacto da música: é séria, trágica e sincera.

E não pára por aí: também há a dilacerante e fúnebre "Last Year's Man", com sua letra tremendamente introspectiva. "Diamonds In The Mine" marca pelo seu refrão crescente e progressivamente fatalista, acabando-se de forma gritada e desolada. Até quando canta sobre o amor em "Love Calls You By Your Name", de beleza doída e singular, mesmo quando incentiva a continuar cantando, "Sing Another Song, Boys", a música continua transcendental, pessoal, e, na falta de adjetivos, linda demais para depender de verbos. A união de homem e música, lirismo e harmonia, poucas vezes foi igualada de forma tão perfeita, em oito preciosas canções. A chave de diamante que fecha a obra, "Joan Of Arc" - uma das mais emocionantes músicas que você terá oportunidade ouvir, ainda está muito longe de ser equiparado pelos muitos violeiros tristonhos que surgem todos os dias...

Cansado das emoções baratas do show business? Cansado do repetitivo marasmo emocional que é jogado aos seus ouvidos feito migalhas aos pombos? Leonard Cohen é seu homem, músico e poeta. Quem conhece e é fã, garante que será tanto quanto Bob Dylan, Tom Waits, Neil Young e Nick Cave..