Rockabilly Psicotico, garage bands, punk rock, bandas desconhecidas...

sábado, junho 30, 2007













Um estilo de musica que realmente me agrada e admiro é Hardcore Punk Americano dos anos 80.
O Poison Idea vêm de Portland, Óregon e ao contrário das bandas Californianas de punk (Apesar de ter grande influência de Black Flag e do Germs), o Poison Idea é um som realmente muito venenoso. Com letras ácidas e cheias de protesto, atirando para todo o lado, fazem um som muito rápido, com muita raiva, que me lembra bastante o som do Discharge.
A banda surgiu exatamente no ano de 1980, fundada pelo emblemático vocalista Jerry Lang, que foi extremamente influenciado pelo ícone punk de L.A., Derby Crash, do Germs, tanto em vocal, letra, roupa e atitude. Com mais um baterista, um baixista e um guitarrista, que logo foi trocado pelo mais emblemático ainda (Em questão de tamanho), "Pig Champion", e com essa formação gravaram esse que é o primeiro registro oficial da banda, lançado no ano de 83, por uma gravadorinha local, mas com um nome bem engraçado: Fatal Erection Records.
Bom, por que escolher o primeiro disco da banda? O mais sujo, o mais tosco, o mais mal gravado e o mais enérgico? Simples, a capa. Porra meu, olha que doido esse vinil, Escolha Seu Rei, Elvis ou Jesus? Humor? Crítica? ou os dois com um toque de sarcasmo, esse é o Poison Idea, é o tipo de banda que tu precisa escutar caso curta um Hardcore porrada, que apesar de ser Americano, lembra muito o Europeu.

segunda-feira, junho 25, 2007


The Meteors

A origem da banda remonta aos anos 70, quando Paul Fenech forma um grupo de rockabilly de nome Southern Boys. Mais tarde, juntamente com o baixista da mesma banda, Nigel Lewis, decide criar um duo de nome Rock Therapy. Em 1980, com o baterista Mark Meadham, decidem formar nova banda, com o nome Raw Deal.

No mesmo ano, e após alguns espetáculos, e participação em álbuns de compilações de rockabilly, Fenech decide alterar a imagem da banda, dando-lhe um aspecto punk. O seu estilo musical também teria alterações, indo buscar inspiração aos filmes de terror clássicos. Estas mudanças levam a nova alteração do nome da banda, e passam a designar-se por The Meteors.

O trabalho discográfico dos Meteors é extenso e, dos membros da banda, apenas Paul Fenech se mantém actualmente.

terça-feira, junho 05, 2007


Buzzcocks - Harmony In My Head


Onde eu estava quando Kennedy foi baleado? Entre as pernas da minha mãe, nascendo. Georgia achava isso o máximo.


É verão, 1978. Nós dois temos catorze anos. Estudamos na mesma escola, na mesma turma. Ela me odeia. Sem motivo algum.

Ela está usando três peças de roupa; um vestido de algodão sem gola até os joelhos e um par de sapatos de amarrar, fechados e pretos. Diz que roupa de baixo é coisa de hippies. Ela tem três vestidos: um preto, um cor-de-rosa e um branco. A cada mês ela tinge o cabelo de uma dessas três cores. E também tem cordões de cores diferentes para os sapatos. Gosto mais dela de cabelo branco, vestido preto e cordões cor-de-rosa. É o que ela está usando no último dia de aula.

Vou à loja de discos comprar o novo disco dos Buzzcocks. No inverno passado eles lançaram um single chamado "Orgasm Addict". A capa era uma colagem amarelo-berrante com uma mulher nua. Ela tinha bocas nos peitos, e em vez de cabeça tinha um ferro. Se eu pudesse ser outra pessoa, seria Pete Shelley, vocalista e guitarrista dos Buzzcocks.

Georgia está saindo na hora em que eu chego. - O que você comprou? Ela diz: - O disco novo dos Buzzcocks. - "Love You More"? E ela diz: - É... você curte os Buzzcocks? E eu digo: - Mais do que isso, eles me curtem. Ela dá um sorrisinho e mostra seus dentes engraçados, cheios de falhas; eu fico imaginando como seria passar a língua dentro daquela boca. Ela não é muito bonita, mas tem um jeito de ser ela mesma que é só dela. E eu também não sou nenhuma pintura.

Ela pensa em algo e depois diz:
- Quer ir até a minha casa ouvir isso?
Eu digo: - Talvez.
Ela diz: - Bom, então foda-se.
Eu digo: - Talvez eu me foda. Ela diz: - Se você quiser vir, eu moro em cima daquele pub. Ela aponta. - O Swan?
- digo. - Você vai até a porta preta do lado, aperta a campainha e diz "Georgia".
Daí eu digo: - Legal, mas antes vou comprar um disco.
Ela diz: - Tá legal. Eu digo: - Té mais.

Entro na loja, compro o disco e também compro para ela uma cópia do "Gary Gilmore's Eyes", dos Adverts, caso ela não tenha. O lado B é melhor que o lado A Chama-se "Bored Teenagers", e o refrão é "We're just bored teenagers, see ourselves as strangers", ou algo assim, e no final o vocalista (T.V. Smith) canta "We're just bored teenagers, bored out of our heads bored out of our MINDS", berrando "minds" de um jeito realmente passional.
Compro esse disco para ela por duas razões: a primeira, acho que ela vai ficar impressionada ao saber que eu ouvi falar dele; a segunda razão é que na colagem da capa está escrito "Um caipira da Georgia até me mandou um pedaço de corda". Não sei por quê. Mas na aula de geografia aprendi que a Georgia é um estado americano. Acho que Georgia vai gostar de ver seu nome impresso.

Quando aperto a campainha, ela me deixa entrar, e vou subindo atrás dela uma escadaria comprida e escura. Os degraus são cobertos por linóleo vermelho e têm bordas de aço para você não escorregar. Sinto o fedor de cheiros antigos, além de alguns cheiros novos. Enquanto ela sobe, fico olhando para os vincos na parte de trás dos seus joelhos.

Entramos na cozinha; ela tira duas latas de cerveja da geladeira e joga uma para mim. A geladeira está cheia de cerveja. Ela abre a sua lata, eu abro a minha, e nós dois bebemos. Georgia senta-se na mesa balançando as pernas e eu me encosto na porta; fico ali parado bebendo a cerveja. Não falamos muito. Ela diz: - Tem um cigarro? Eu digo: - Não, eu não fumo. Georgia parece desapontada, e aí grita para o corredor: - Mãe, tem um cigarro? Uma voz (que parece irlandesa) diz de volta: - Tenho, aqui dentro. Lá em casa, no nosso apartamento, ninguém fuma e tudo é limpo; além disso, se eu convidar alguém para tomar chá comigo, minha mãe vai ficar o tempo todo em volta, preocupada em saber se temos comida suficiente, esse tipo de coisa. Georgia se levanta da mesa e diz: - Venha conhecer a minha mãe.

Passamos por um corredor cheio de jornais velhos, caixas de cerveja, instrumentos musicais e alto-falantes em seus estojos negros. O carpete parece um fungo de queijo.

As cortinas do quarto estão fechadas; a mãe de Georgia está na cama. A tevê está ligada, transmitindo as corridas de cavalo. Ela faz sinal de silêncio para nós. Quando a corrida termina, ela diz: - Ah merda.
Georgia senta-se na cama e dá um beijo na mãe, que diz: - Pronto, seu pai vai passar a noite toda de mau humor. Alguém deu a dica de uma "barbada", e ele correu feito um raio para apostar. Pegue os cigarros, meu bem, estão ali em cima da mesa.
Achei que ela estivesse falando com Georgia; quando nada acontece, percebo que ela está falando comigo.
Vou até a mesa; é redonda e feita de fórmica, como as dos pubs, e sustenta um espelho retangular encostado na parede. O papel de parede tem flores amarelas estranhas. Dou os cigarros a ela. Há uma caixinha de fósforos da Swan enfiada dentro do celofane.
Digo: - Pronto.
Ela diz: - Agora sente-se.
Não há cadeiras no quarto, então sento-me na cama diante de Georgia, com a mãe dela entre nós dois.

O sol está entrando por uma brecha entre as cortinas. Tudo que a luz toca dentro do quarto parece limpo; o resto parece que está manchado de água de lavagem.

- E então, Georgia, quem é o seu amigo? Não vai nos apresentar?
Georgia acende um cigarro.
- Esse aqui - diz ela - é o meu amigo Peter Shelley. Peter Shelley, essa é a minha mãe.

Trocamos um aperto de mão.
Eu digo: - É um prazer conhecer a senhora.
Ela diz: - Pode me chamar de Claire.
Depois de dar uma tragada, ela diz: - Bom, vocês vão me desculpar, mas eu preciso tirar um cochilo antes de abrir o pub hoje à noite. Vai ficar até mais tarde, Sr. Shelley?
- Não sei, talvez - digo eu, rindo por dentro quando ela me chama de "Sr. Shelley'.
- Bom, se quiser ficar, é bem-vindo. Mora longe daqui?
- No Attlee. Do outro lado do parque.
- Ouvi dizer que é muito agradável lá no Attlee.
- É legal.
- Que bom. Georgia, sirva a ele um pouco de chá. Ele está magro de dar dó. Tchau, Peter.
- Tchau.

A caminho da cozinha, Georgia mantém as mãos atrás das costas. Ela abre e fecha rapidamente as mãos; três pulsações.
Dentro da cozinha, ela faz chá e diz: - Quanto de açúcar?
Eu digo: - Três, por favor.
Digo que gosto da mãe dela, e ela diz que também gosta. Diz que a mãe deixa que ela faça tudo que quer. Eu digo que minha mãe me deixa fazer tudo que ela quer.
Georgia sorri e me olha de um jeito engraçado.
Pergunto por que ela disse que eu era Peter Shelley, e ela diz: - Porque quero que você seja.
Eu digo: - Eu também.
Ela retruca: - Então pronto.

Entramos no quarto dela. As paredes têm anúncios da revista NME, pôsteres do Clash, dos Buzzcocks, dos Sex Pistols, de Siouxsie and the Banshees, de Ian Dury, dos Dead Kennedys e de outros mais. Há discos por toda a parte. E dois vestidos num cabideiro. Dou a Georgia o single dos Adverts, e ela fica feliz. Quando encosta no meu braço por um instante, eu fico de pau duro. Uma coisa esquisitíssima. Mas broxo dali a pouco.

Depois sentamos na cama dela, com as canecas no chão. Tiramos nossos compactos dos Buzzcocks de dentro das sacolas. Resolvemos trocar. É como se fosse uma brincadeira. Concordamos que a capa é melhor do que as duas últimas ("What Do I Get?" e "I Don't Mind"). É um diagrama cor-de-rosa e roxo, mostrando nove aposentos vistos de cima. O logotipo dos Buzzcocks (com o segundo Z elevado acima do primeiro) está em cor-de-rosa no canto inferior esquerdo. Na parte de baixo da capa, em maiúsculas, está escrito UP36433: LOVE YOU MORE.

A contracapa é mais complicada: há um homem e uma mulher desenhados nos mesmos nove aposentos, mas nunca juntos. Eles estão empurrando alto-falantes de um lado para o outro... talvez para acertar o som. Quem sabe?

No aposento do canto inferior direito há um homem segurando uma tábua ou uma bandeira com a letra K. É difícil saber o que ele está aprontando. Tudo é muito misterioso.

Georgia tira o disco da capa; como o disco é novo em folha, meio que gruda no papel, produzindo leves estalidos de estática. Damos uma olhada no rótulo. Notamos que a música é muito curta: 1 minuto e 45 segundos.
O lado B, que eles sempre chamam de "lado 1", tem 2 minutos e 49 segundos. Chama-se "Noise Annoys". Georgia segura a borda do disco com as pontas dos dedos. Os dedos dela são bem roídos, mas mesmo assim parecem bonitos.
Beberico o chá por polidez. Está horrível. O leite azedou e fica boiando por cima.
Ela diz: - Você acha que a música deve ser rápida ou muito rápida?
Digo que desde que não seja lenta, pouco me importa; como é muito curta, deve ser muito rápida.

Examinamos a espiral interna do rótulo em busca de mais informações. Rabiscado em maiúscula, está escrito "O MERCADO CROSSOVER". Não sabemos o que isso significa.

Georgia diz:- Vamos pôr o disco para tocar.
Faço que sim com a cabeça. Minha boca está cheia de chá. Ela põe a mão na minha perna e segura o disco com o polegar na lado A e os dedos no lado 1.
Estou olhando para ela; meu rosto está a oito centímetros do dela, e Georgia diz:
- Cuspa tudo em cima de mim. Eu nego com um gesto de cabeça. Enquanto isso, minhas bochechas estão inchando e minha boca está sorrindo. Ela diz: - Não tem coragem? - Sua mão já está entre minhas pernas, e ela começa a levá-la mais para cima. Eu cuspo o chá no seu rosto; ela encosta o rosto no meu, e sinto uma quentura molhada. A boca de Georgia tem gosto de cerveja e cigarros; ela está enfiando a língua em toda a parte, e eu estou fazendo o mesmo. Sinto o intervalo entre seus dentes e digo: - Gosto desses buracos, e ela diz: - Eles são horríveis, e eu digo: - Eu adoro.
Parecemos dois cachorros brigando.

Enfio as mãos e a boca em tudo que é lugar ao mesmo tempo. Acho que posso gozar a qualquer segundo, e não sei se isso é permitido. Será que ela sabe o que é porra? Deve saber, ela tem "Orgasm Addict".
Fico imaginando vagamente se ela tem porra ou algo equivalente que também saia.
Tomara que sim.
Subitamente ela se levanta e põe o disco para tocar no volume máximo; aí voltamos a nos debater no chão.

O disco toca várias vezes, porque o aparelho de som dela tem um mecanismo para isso.
Por volta da quarta vez; já conseguimos distinguir mais palavras dentro daquela barulhada rápida e incessante; cantamos juntos e nos atracamos feito loucos.
Estou em cima dela, que tem o vestido erguido até a cintura e ainda está de sapatos; ponho a mão entre as suas pernas e enfio alguns dedos (três) dentro dela; depois tiro os dedos e provo o sabor, que só Deus sabe do que é, mas acho interessante.
Georgia lambe os meus dedos e franze o nariz.
- Você sabe o que fazer?
Digo: - Não tenho certeza, e você?
Ela diz: - Não, mas não pára.
Ela enfia a mão dentro da minha calça. Começa a bater uma punheta em mim, exatamente como faço comigo mesmo; fico totalmente chocado.
Como ela aprendeu a fazer isso? Como pode saber?
Digo: - Não faz isso, eu vou gozar.
Ela sussurra no meu ouvido: - Então goza.
Eu gozo.
Ela enxuga a mão nos lençóis, lambe os dedos e depois me beija, para que eu possa sentir o gosto daquilo.
Aqueles alto-falantes de bosta estão berrando "Love You More".
A música é muito alta e rápida, vem e vai, e o final é desesperadamente súbito e triste. Minhas calças estão abaixadas, e o vestido de Georgia está erguido até o pescoço; ela tem tão pouco peito quanto eu. Berrando no ouvido dela por cima da música, eu digo alto demais: - E agora?
Ela assente com a cabeça; de repente sua boca está no meu pau, sua boceta está na minha cara e estamos nos contorcendo feito dois peixes. Começo a lamber aquela área toda; para dizer a verdade, porém, por um instante me sinto meio idiota, porque a música pára enquanto o mecanismo do aparelho entra em ação, e só se ouvem os nossos barulhos. Subitamente, imagino que minha língua está pintando uma parede cujo reboco está caindo; isso até que é agradável de fazer, mas não tanto. E ela parece estar meio que roendo um osso que eu vejo com o canto do olho, e tudo aquilo parece um pouco ridículo. Não consigo me concentrar no prazer que ela está me dando porque tenho que fazer a mesma coisa com ela. No silêncio só se ouvem aqueles barulhos úmidos e escorregadios, mas aí a música recomeça e tudo volta a ficar legal. Continuamos assim mais um tempo, e quando a música começa de novo, talvez pela décima sexta vez, ela rasteja até a minha cara e diz: - Vamos foder.
Fico por cima dela, que sorri enquanto Pete Shelley uiva sem parar. Encontro o buraco certo logo de cara; para dizer a verdade, não tenho certeza se é o buraco certo, mas Georgia diz que é. Depois que enfio, nós dois prendemos a respiração e ficamos olhando um para o outro de olhos arregalados. Eu digo: - Puta que pariu, e ela diz: - Ai meu Deus, caralho, e nós dois estamos meio que rindo. Pra mim é uma sensação esquisita, de modo que para ela deve ser tão esquisita quanto, se não for mais, e também penso que é isso que causa tanta confusão no mundo, e aí entendo tudo.

Deito em cima dela e enfio tudo, até o final; a essa altura estamos suados e cobertos de saliva (além de chá e um pouco de porra). Ficamos parados, deitados ali, simplesmente contemplando nossa situação.

Digo: - O que você está sentindo?
Georgia diz: - Não sei, uma coisa cheia, engraçada, é bom. E você está sentindo o quê?
- Não sei, é como se alguém tivesse tirado a minha pele e me enfiado num banho quente.
Ela diz: - Mexa assim, olhe.
Começa a se mexer, e eu mexo com ela, cada vez mais depressa. Depois ela diz: - Diga quando você vai gozar, eu vou gozar, diga quando você vai gozar.
Eu digo: - Agora, agora.
Nós dois gozamos e ficamos caídos ali; arrasados, como se diz.
Depois de um tempo ela se estica e tira da tomada o fio do aparelho de som, antes que a música comece de novo.
Eu me estico junto, ainda dentro ela. Tudo está silencioso.
Ficamos deitados ali, abraçados, e depois ela diz: - Acabamos de perder nossa virgindade.
Digo: - Eu achava que você me odiava.
Ela diz: - Odeio mesmo.
Belisco o braço dela, e ela soca a minha perna.
Depois voltamos a ficar deitados sem fazer nada, contemplando as coisas novamente.

Quando eu começo a broxar, digo: - Quer que eu tire agora?
Ela diz: - Tá legal.
Vou tirando bem devagar. Nós dois damos um pequeno arquejo. Realmente arquejamos.
Dou uma olhadela para baixo e vejo um pouco de sangue. Penso que isso é legal.
Ela diz: - Você esteve na guerra.
Está realmente falando com o meu pau, como se ele fosse outra pessoa ali no quarto.
Ela segura meu pau delicadamente e diz: - Você esteve nas trincheiras.
(Nós estudamos a Primeira Guerra Mundial neste semestre).
Digo: - Você está grilada com o sangue?
E ela diz: - Estou numa boa.
Simplesmente adoro ouvir isso.
Depois ela acende um cigarro e diz: - Meu primeiro cigarro pós-coito.
- Coito é foda, não é?
E ela diz: - Cem por cento.

Depois de um tempo nós levantamos. Ficamos deitados na cama, beijando e acariciando um ao outro, escutando os discos prediletos dela, discutindo as letras, conversando sobre a escola.

Vamos a pé até a minha casa, sentido o mormaço do verão. Eu digo que não vou conseguir dormir, e ela diz: - Bata uma punheta pensando em mim.
Digo que vou fazer isso, mas na realidade não vou, porque estou todo dolorido lá embaixo.

Sentamos no meio-fio perto do meu prédio.
Minha mãe aparece na varanda; está escurecendo.
Ela grita, dizendo que estava louca de preocupação por causa do meu sumiço.
Peço desculpas, digo que estava com Georgia e que aquela ali é Georgia.
Minha mãe sabe tudo sobre a Georgia, e sorri.
Diz: - Você precisa tomar chá conosco, Georgia.

Nós nos despedimos com um beijo.
Eu digo: - Adoro o seu cabelo, adoro o seu vestido, adoro os seus sapatos, adoro os seus cordões, adoro o seu corpo.
Ela diz: - Não seja idiota.

Subo no elevador imundo me sentindo o máximo.
Vou até a varanda para ver Georgia se afastar, mas ela ainda está parada na rua, fumando. Ergue o olhar para mim e diz: - A gente esqueceu de escutar o lado B.
Digo: - Amanhã?
Ela diz: - Amanhã.
E sai andando.