Rockabilly Psicotico, garage bands, punk rock, bandas desconhecidas...

sexta-feira, novembro 28, 2008


Sandinista! 1980

Exatamente um ano após ter parido um álbum duplo, o The Clash colocou nas lojas o triplo "Sandinista!". A briga para o disco triplo chegar ao comprador com preço de simples foi dura, mas o Clash venceu a queda de braço contra a gravadora. O resultado, porém, foi insatisfatório. Gravado na Jamaica, "Sandinista!" radicaliza não só no número de canções (36), mas também na variação de estilos, por si só já bastante radical em "London Calling". O dub, o reggae e o rap dominam o som do quarteto, que brilha em canções como "The Magnificent Seven", "One More Time", "The Call Up" e "Charlie Don’t Surf". O punk rock ficou de lado, representado pela talvez melhor música do álbum, "Police On My Back" (cover de Eddie Grant) e pela rocker "Up in Heaven". A banda também visita os anos 50 em "The Sound of Sinners" e flerta com o jazz em "If Music Could Talk". "Sandinista!" ainda tem a ótima "Somebody Got Murdered" e uma versão para "Career Opportunities", do disco de estréia, cantada por um... coro de crianças. Joe Strummer afirmou desde sempre que não mudaria nada em "Sandinista!", mas é impossível não enxergar o disco como longo, desfocado e exagerado demais. Um dos motivos aparentes para a desigualdade do material talvez resulte do fato de Strummer e Jones não estarem se entendendo mais dentro da banda. Mesmo assim, talvez pelo fato de serem três discos pelo preço de um, "Sandinista!" chegou a 24ª posição nos Estados Unidos e se tornou o primeiro disco do Clash a vender mais na terra do Tio Sam do que na terra da Rainha.

Sucesso - "The Magnificent Seven" - "Hitsville U.K."
Melhor Música - "The Magnificent Seven "
Preferida - "Police on My Back"
Nota – 8
19ª Posição Na Inglaterra
24ª nos EUA

quinta-feira, novembro 13, 2008

Grinderman (uma música de John Lee Hooker) é Nick Cave e três companheiros de sua banda, a The Bad Seeds, com outro nome e outra sonoridade. Segundo o líder do projeto, a idéia surgiu quando os quatro quiseram juntar experiências e influências que não cabiam na discografia do grupo original. E são elas, assumidas publicamente: o passado punk de Cave com o Birthday Party; o trabalho em trilhas-sonoras e o gosto pelo Black Sabbath de Warren Ellis; o conhecimento de no-wave do baterista Jim Sclavunos; e o baixo com reverb que Martyn P. Casey apresentava na australiana The Triffids.

O álbum surgiu de apenas duas sessões de gravação. A primeira foi basicamente uma jam entre os músicos. Da segunda, já com as letras escritas por Cave, saíram as canções finais. O principal diferencial do tempo em estúdio e ao compor, dito por todos os integrantes, foi ter Cave tocando guitarra, pela primeira na vida. "De repente me ocorreu que 99,9% de todas as músicas do rock são criadas na guitarra, não no piano", disse Cave sobre a experiência. "Você tem a história do rock'n'roll na ponta dos dedos."

No fim das contas, ele se sai muito bem, mas não deixa de surpreender que o resultado é na maior parte das vezes cru, primal e direto. A distorção e peso que Cave inflinge nas guitarras lembra muito garage rock – pense em MC5 e Stooges –, inclusive pelo conteúdo das letras. Ao contrário da culpa e religião que povoam boa parte do legado de Nick Cave and the Bad Seeds, entra em cena o sexo e o ceticismo, sem, no entanto, deixar a indefectível verve narrativa de lado.

Em "No Pussy Blues", que nasceu para ser clássica, Cave canta a história de um músico envelhecido que se apaixona por uma fã jovem, mas não consegue levá-la para a cama de jeito nenhum – "Comprei uma dúzia de pombas brancas, lavei os pratos com luvas de borracha, a chamei de docinho, amor, mas ela ainda não quer, nunca quer", diz a letra, antes do vocalista gritar "droga" e entrar o refrão (?), distorção pura.

A dramaticidade e o sexo continuam no baixo viciante de "Depth Charge Ethel", sobre a prostituta viciada de mesmo nome, uma das pessoas mais felizes que Cave já conheceu; e em "Go Tell the Women", esta com a rotação diminuída, pelo menos na melodia ("estamos cansados e de saco cheio / desse chororô egoísta / tudo o que queríamos era um estuprinho consentido de manhã / e talvez um pouco mais à noite").

Outras pérolas são a psicodélica "Eletric Alice", cuja bateria e baixo remetem à "White Rabbit", da Jefferson Airplane, e a trágica história de "Love Bomb". Todas as onze faixas, no entanto, tem uma qualidade assustadora, e não importa nada quando Grinderman deixa de soar como tal para lembrar, hã, Nick Cave, como no par "Man on the Moon" e "When My Love Comes Down".

Os quatro integrantes do grupo devem fazer alguns shows para divulgar o disco, mas, ao mesmo tempo, estão ocupados em escrever as faixas para o próximo disco do the Bad Seeds. De qualquer forma, já declararam que tem muita vontade de continuar mantendo paralelamente o Grinderman. Esquizofrenia pra lá de saudável.

sábado, novembro 08, 2008




Repleto de uma pesada e fatalidade introspectiva e simultaneamente críptico e cáustico, Crocodiles marcou a estréia do Echo... em LP e em um importante selo, colocando o grupo em evidência na cena da música alternativa. Ian McCulloch, Will Sergeant e Les Pattinson estavam juntos desde uma performance alquímica no clube Eric, em Liverpool, no ano de 1978. O single Pictures On My Wall, lançado pela Zoo Records de Bill Drummond, tinha recebido uma acolhida calorosa por parte da imprensa e tanto as sessões para o DJ John Peel como os shows em Londres despertaram a atenção das grandes gravadoras. O Echo destacava-se dos outros grupos: a voz profunda e as letras enigmáticas de McCulloch fundiam-se com a guitarra sombria e distorcida de Sergeant para criar uma musica profundamente emotiva. A sua bateria eletronica (batizada de Echo) tinha sido substituída por Pete de Freitas. O álbum foi gravado em 3 semanas, em junho de 1980, nos estudios Rockfield, no País de Gales. Hermético, perturbador e com um tom de urgencia, o LP traz musicas que duram, na maioria, menos de 3 minutos e cada faixa é uma jóia negra. O lado A penetra sob a pele aos poucos, conduzido pelo baixo e a guitarra dissonante. "Stars are Stars" cria uma justaposição de desespero e otimismo que posteriormente iria definir o som do grupo. O lado B abre com "Rescue", uma musica que McCulloch considera um trinfo pessoal, e continua com a bad trip de ácido de "Villiers Terrace", terminando com a melancolia de "Happy Death Men". A fotografia da capa, tirada em um bosque do sudeste a Inglaterra, deu o tom para toda uma década de fotografias do grupo, ao mesmo tempo misterioso e ativo. McCulloch usa um sobretudo roubado de Mark E. Smith, líder do The Fall.

segunda-feira, novembro 03, 2008


Chronic Town (1982) IRS

"Ainda sob a boa repercussão de seu single de estréia (lançado em julho de 1981 pelo selo Hib-Tone), o R.E.M. volta ao estúdio com Mitch Easter (Let's Active) para produzir estas cinco faixas que já prenunciavam a explosão criativa do primeiro álbum do grupo. Gravado em outubro de 1981, o disco só foi lançado dez meses depois pelo selo indie IRS, com as músicas remixadas". Celso Pucci

"'Chronic Town' é uma cidade dentro da mente". Bill Berry 1983

Para uma banda que tocava em versão hardcore para que as pessoas não percebessem que eles não sabiam tocar nada, 'Chronic Town' é uma surpresa e tanto. Tudo que fez a fama do quarteto na primeira fase está aqui: letras ininteligíveis de Stipe, dedilhados folk de Buck e a cozinha encorpada de Berry e Mills. Lançado como EP em vinil 12 polegadas, bateu 20.000 cópias em um ano. Em CD, engordou a coletânea de out-takes 'Dead Letter Office'. Marcelo Costa

Sucesso – "Carnival of Sorts"
Melhor Música – "Carnival of Sorts" – "Gardening at Night"
Preferida – "Gardening at Night"
Nota – 8