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sábado, novembro 21, 2009

A pergunta é: seria Dee Dee Ramone o verdadeiro pai do punk? Depois de ler ao livro “Coração Envenenado, minha vida com os Ramones”, da autora americana Verônica Kofman, conclui que sim, seria ele, se não o pai, um dos maiores colaboradores. Mais que uma biografia desse grande maisntrain do punk, o livro mostra uma história de vida que poucos conheciam.
Dee Dee transpirava histórias eletrizantes, tanto que com certeza fez a diferença ao movimento punk dos anos 70, muitas delas inclusive retratadas em suas composições de grande sucesso, como: “Wart hog” , “53rd and 3rd”, “Now I Wanna Sniff Some Glue” , “Walk On The Wild Side”, entre outras.
Amigo de alguns nomes não menos importantes do punk, como Sid Vicious, Dee Dee conta como foi sua vida do fracasso ao sucesso e fracasso novamente e até muda a história sobre o assassinato da namorada de Vicious, ocorrido em outubro de 1978, Sid era acusado de tê-la matado.
A insanidade de Dee Dee já vinha de berço: nasceu em uma família não muito normal, com uma mãe “bêbada louca”, como ele próprio descreve, e um pai “bêbado, fraco e egoísta”, ao qual ele afirma ter puxado um pouco. Isso dá uma leve noção de por quê o resto da sua vida foi tão complicada. Mas devemos ser grato a sua descontrolada mãe por ter mostrado o caminho da música a esse mestre do punk.
Seu contato com drogas e álcool foi assustadoramente precoce. Assustadoramente porque no juízo de qualquer pessoa isso não seria normal!
Cada capítulo nos leva a entrar na vida desse ex-Ramone como se estivéssemos presentes em cada fato e história inusitada que passou. As histórias chegam a ser bizarras e inverossímeis. Drogas, overdoses seguidas, namoradas loucas e depravadas, ambiente sujo, são só o começo. Ele considerava ter uma vida sem graça, mas acredite não chega nem perto de ter sido. Sua luta contra o vício das drogas foi constante, mas acabou sendo vencido: morreu por overdose em 15 de Abril de 2001.
Relatos de amor e ódio na sua participação no Ramones vão definitivamente fazer você ter uma outra perspectiva sobre a maior banda e sua influência no estilo. Ele define o grupo: ”Quem entra numa banda como o Ramones não vem de um passado estável, porque essa não é uma forma de arte muito civilizada. O punk rock é feito por garotos furiosos querendo ser criativos”.
A leitura é de forma agradável, embora a grande quantidade de palavras chulas usadas por ele chegam a ser chocante. O livro parece não ter deixado nada de lado, dando mais luz á obscura vida de Dee Dee. Para quem gosta de impacto e realidade não pode passar longe dessa biografia, que se poderia definir como inigualável e necessária para entender música e, principalmente, entender o que se passa na cabeça de um compositor de alto nível como foi Dee Dee Ramone.
Fica aqui um trecho do livro para somente atiçar a vontade do leitor: “Havia vômito por toda parte. “’Que coisa nojenta’, pensei. Sid e eu imediatamente vomitamos também. Mas eu ainda não tinha visto nada. Sid tirou do bolso uma seringa horrível com sangue endurecido na agulha. Dei a ele um pouco de speed e ele botou na seringa. Aí colocou a seringa na privada e puxou água para dissolver o speed a frio. A água estava cheia de vômito, mijo e ranho. Sid parecia não ver absolutamente nada de anormal naquilo. Parece que sua principal preocupação era se injetar e que estava disposto a agüentar qualquer merda por aquele pico. ‘Agora já vi de tudo’, pensei”. (Trecho de Coração envenenado, minha vida com os Ramones, p 82.)