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domingo, março 22, 2009

NO WAVE, INCONFORMISMO À FLOR DA PELE










Em meio à afirmação da new wave americana, por volta de 78, começaram a pintar sonoridades despidas dos laços popsters e até então incatalogáveis. Com a compilação No New York (Antilles, 78) com o Mars, DNA, Contortions e Teenage Jesus & The Jerks, a imprensa americana resolveu batizar a natureza anti-conformista dessas novas bandas com o rótulo No Wave que até 82 viveu momentos de glória.

A diferenciação e a não-rotulação era o objetivo máximo dessa turma, mas haviam muitos pontos em comum. A profanação dos formatos convencionais, a intenção de provocar um sensacionismo heterogêneo, o gosto pelo erudito/eletrônico (Pierre Boulez, Stockhausen, Terry Riley entre os favoritos), o uso de ressonâncias e distorções, as melodias dissonantes e atonais, a (re)descoberta do jazz (Miles Davis e John Coltrane, os evidentes) e o (ab)uso do noise eram freqüentes fantasmas que povoavam seus discos despidos de caráter comercial.

A onda de recusa que, ao contrário de suas aspirações, inevitavelmente se tornou uma mini-moda também apareceu ligada ao consumo de drogas. Por isso não é de se espantar que o saxofonista James White dos Contortions se picasse ao vivo ou Lydia Lunch do Teenage Jesus falasse abertamente de seu amor pela heroína. Como em todas as tendências, grupos de padrões não identificáveis foram inclusos na No Wave.

Assim sendo, estão presentes o claustrofóbico pós-Beefheart art-rock do Pere Ubu; os orgânicos fragmentos de formas tradicionais espalhados em atmosferas surreais do Stew Lane & The Untouchables; o inovativo uso de percussões eletrônicas e as (re)leituras de música de câmara do Tuxedomoon; o darkismo de vozes dilaceradas e barulhos traumatizantes do Chrome; o extremismo confrontante na catarse experimentalista do Suicide e a genialidade bizarra dos Residents, um grupo que até hoje em mais de vinte álbuns percorreu praticamente todas as mansões e porões da música, indo desde trabalhos conceituais a ensaios sobre vinhetas de música popular.

Quanto aos primeiros expoentes da no wave, não podemos omitir a trajetória de James White que, por vezes, resolveu se chamar Black e Chance. O saxofonista tocava free jazz de uma maneira punk mesclado ao chamado white funk e desordenadas acepções de dance music.

A poetisa Lydia Lunch, antes de suas trips dark-noise-pós-industriais ao lado do Teenage Jesus, rolava no chão berrando o que ela mesma apelidou de aura de terror. Sua antimúsica ladeada por uma muralha de estridências sonoras foi aclamada nos círculos vanguardistas que enalteciam também os expressionistas jogos de timbres e experimentalismo do DNA, o trio noise que incluía o brasileiro Arto Lindsay.

sexta-feira, março 13, 2009

O Maria Angelica foi uma das bandas mais importantes para mim, não, não estou exagerando, em termos de postura comportamental, em termos de conhecimento, atitude mesmo, confesso que fui totalmente influenciado pelo Naporano, se sou do jeito que sou, muito se deve a figura controversa desse cara, critico ferrenho e apaixonado por música, mas música mesmo, vou dizer que eu lia as resenhas dele na extinta Revista Bizz e corria atrás para ouvir o que o cara recomendava, coisa de fã mesmo, não a toa que hoje posso dizer que sou um jornalista musical frustado. Meio que esse revival de shoegazer com várias bandas e tal, aquele resgate das class of 86 também esta bem latente, mas voltando ao assunto, o Naporano criou além de tudo isso que coloquei, o cara foi o responsavel por esta magnifica banda, injustiçadissima diga-se de passagem, chamada Maria Angelica Doesn´t live Here Anymore, um combo ao melhor estilo Do it Yourself com uma duração curtissima, que lançou na minha concepção uma obra prima chamada Outsider, um album tão simples, mas tão simples, que se torna a cada audição rico e grandioso, o motivo, purity!!!!é isso gravado basicamente ao vivo, este album dividiu em determinado momento em meu velho aparelho de som junto com o 1º HOL e o Ins´t Anything, exagero?!?!?!?!exagero o caralho, quem não conhece, Purple Thing, Shyness, Hotel Hearts não sabe o que representa este album a frente do seu tempo, sim, no Brasil, tinhamos boa bandas da grandeza de Fellini dentre outros, mas o Maria Angelica era a parte de tudo, eles soavam como as bandas da class of 86, um mix de Razorcuts e Wedding Present talvez, eu até digo que existem dois hinos da epoca, Big Pink Cake e Shyness, mas o fato é que o Maria Angelica mesmo sendo rotulado de anorak, regressivo e derivados, o som em si é unico, punk, bubblegum, indie, pouco importa o Outsider é unico e eterno.....pera ai, pera ai, pera ai...não acaba aqui a obra dos caras, ainda rolaram dois fenomenais registros sequencias, o EP Full Moon Depression e Stroboscopic Cherries, ambos mais luxuosos em termos de produção e mais asperos e acidos no que diz respeito a verve de Naporano, me excita ouvir Full Moon Depression ...Oh baby it´s allriiiight!!! brada Naporano lá pelas tantas da canção, totalmente influenciada por Tom Verlaine e seu Television, as guitarras gritam, choram, esperneiam literalmente na canção que é um epico delirante (...i love you in a dreamtime baby, you betrayed me in summertime, i don´t speak any word, because it seems so all right....) eu berro isso toda vez que escuto....tento chegar no timbre de Naporano....e as canções vão passando como num desfile sem fim....Veridiana, An affair to forget, a flush to the flash.....enfim tudo é marcante, as capas os encartes, cuidadosamente produzidos totalmente acima do que vinha sendo feito.....hoje o Naporano esta vivendo em Curitiba e talvez quem sabe, pela graça divina a discografia do Maria Angelica possa finalmente chegar a era digital, o que seria realmente um acontecimento, talvez um Box com livro e tudo mais, só digo que li em algum lugar que até possibilidade de shows acusticos poderão acontecer, mas realmente eu não acredito simplesmente, porque para mim a obra do Maria Angelica Doesn´t Live Here Anymore já esta marcada para sempre o que estes caras produziram em termos musicais, conceituais e todo o bla bla bla que alguém possa vir a escrever é muito pouco, perto do sentimento de ouvir o final apoteótico de full moon depression:
...I lived a full moon depression
so carefully i´m learning to be a rock
despite everything
my veins are searching for a voice...

domingo, março 01, 2009

New Order - Movement

Esse é um disco que eu gosto de brincar que é na verdade do Joy Order…ou então do New Division, porque foi feito logo depois do fim do joy division e começo do new order. Com isso, a influencia é muito clara. sem falar que usa material da epoca do JD. A própria voz do Barney tava bem estranha. Não parecia com a do Ian, mas tava diferente (eu gostei mais hehe). Vale lembrar que esse disco é diferente de todos os outros do NO justamente porque ainda é com o Martin Hannet, que produzia os do JD.

um pequeno faixa a faixa:

Dreams never end - Uma das faixas mais legais do disco. É um certo choque em relação ao JD, mas também é bem diferente do resto do NO. Gosto muito dela. E ao contrário do que dizem, essa versão é melhor do que a das Peel Sessions de 81.

Truth - verdadeiramente uma faixa típica de Martin Hannet. Muita percussão exótica e sintetizadores. Baixo como peça principal. Pode soar meio datada, mas é bem legal.

Senses - uma das mais legais, embora soe um pouco como musica de videogame. Os loops e sequencias de percussão são simples e precisos. Ok…um update: essa musica até que ficou melhor nas Peel Sessions

Chosen Time - faixa que ja começa a mostrar alguma coisa de dance, embora seja um dance meio boboca. é mais util como instrumento evolutivo. Talvez o começo do que poderia se tornar o mais chato do NO hehe

ICB - dizem que essa musica é sobre o Ian..não olhei a letra. mas ela não é tão funebre assim. E o solo final é muito bom!

The Him - essa eu posso acreditar que seja sobre o Ian. Não apenas sorturna, essa faixa tem um baixo bem diferente do resto do disco. E mais uma vez,um solinho final muito legal.

Doubts even here - Faixa onde Hooky e Gillian fazem o vocal (tenho curiosidade de ouvir a voz do Stephen…mas acho que ele canta em algumas faixas do The Ideal ,do Warsaw) . Mais uma vez, uma faixa digna do JD.

Denial - Letra interessante. E riffs que lembram alguma coisa de U2, a estrutura é até um tanto diferente do resto do disco, apesar de ser bem cheia de batidas legais. Coitado do Stephen hehhe

Ao contrário do que dizem , as versões são bem próximas do que veio nas Peel Sessions de 81, e no que difere, eu prefiro a versão do album. E apesar de simples, gosto muito da arte da capa também. Com isso, junto de Power Consumption and Lies, esse é um dos meus discos favoritos deles. E embora não seja tão bem produzido como Closer (JD), ainda parece um sucessor natural.