Rockabilly Psicotico, garage bands, punk rock, bandas desconhecidas...

quarta-feira, julho 28, 2010

Funeral For a Friend

Conforme vamos envelhecendo os funerais vão ficando mais freqüentes em nossas vidas. Seja de um parente ou no meu caso dos amigos. Em menos de seis meses dois amigos queridos tiraram a própria vida. Os motivos cada um deles tinha os seus e os levaram consigo mesmo para o tumulo.
Não pude estar presente no funeral do Steve em Fevereiro em Brasília, mas juro que dediquei algumas horas a ele nestes meses relembrando estórias de nossa adolescência em Ribeirão Preto.
Uma amiga também daquela época que veio a morar recentemente na mesma cidade onde atualmente resido me contou que foi muito bonito, ver os soldados americanos vestidos com kilts escoceses, tocando Amazing Grace nas gaitas de foles. Um legitimo funeral americano.
No caso do outro funeral já de corpo presente, pude presenciar apesar do clima de tristeza e emoção, um tipo de celebração para a pessoa que se foi como uma reunião de amigos para se despedir de um ótimo amigo.
Assim como Steve, seu corpo foi cremado e enquanto todos rezavam conforme suas religiões e crenças, ao fundo tocava Hallelujah de Leonard Cohen (um pedido do falecido), neste momento a sala veia a baixo em forma de lagrimas, soluços, era como se os créditos finais de algum filme estivessem surgindo naquele momento e o nome das pessoas que passaram pela sua vida fosse aparecendo devagar ao ritmo da musica, aqueles que foram mais importantes seriam os primeiros, como as estrelas que lhe ajudaram a brilhar em seus anos de vida. No final dos créditos suas musicas preferidas seriam a trilha sonora de sua vida e serviriam para demonstrar os mais variados sentimentos vividos pela sua pessoa.
Adriana agarrou meu braço e ficou dizendo palavrões em voz baixa enquanto a musica conduzia todos os presentes as lembranças dos amigos queridos que se foram em tão curto espaço de tempo.
Ao sair da capela de mãos dadas com Adriana visitei o tumulo de meu pai e meu irmão, o sorriso triste deste descendente de Espanhóis e Sírios tomou meu rosto ao reler nas lapides de bronze coladas na grama verde o nome deles. “Despedi-me com um simples –” Cuidem-se! “Todos sentem falta de vocês”.
Foi bom rever os antigos amigos. Alguns deles muitos mudados pelos anos, com outros os anos foram muito mais generosos e ainda carregam a juventude no brilho dos olhos.
Eu e Adriana voltamos calados e só viemos a trocar algumas palavras na metade da viagem de volta.
E apesar de tudo a vida continua...